sexta-feira, 16 de maio de 2008

Medo...

Eu já não me julgo
e já nao mais me julgam
poeta de coisa alguma,
apenas um homem cansado
e de ombros endurecidos
que de fio em fio
vê tudo escorrer de uma unica vez….

Tenho tido pensamentos turvos
sobre aquele restinho de vida
(coisas em que ainda acredito)
tenho a dias me jogado numa
estranha e já esquecida aventura:
compor um poema de amor.
Mas é como se tudo estivesse
adormecido dentro de mim
dentro de cada centimetro do meu ser
como se não pudesse correr
por não ter pernas
ou por desconhecer o caminho

Sou uma pessoa triste
e fiz da vida um poema solitário….

Esta manhã estou triste demais
por razões que não sei
por motivos que desconheço.
Sei apenas que os dias
tem deixado em mim suas unhas
e minha carne tem sido fraca
e meus braços tem sido poucos
e minha voz tem sido rouca
de urros e gemidos
e tenho me calado evelado
o tempo….
TEnho temido hoejes
e desconfiado de amanhãs.
Existe uma insegurança gigante
em cada um dos meus gestos….

Queria ter agora a força
de um grito de protesto
ter a furia que ardia
noutros tempos idos,
ter quem sabe, uma pequena gota
de serenidade
suficiente para aplacar o medo.

EScrevo por medo,
por temer estranhos acontecimentos
e acontecimento qualquer.
Medo que essa porta nao se abra
medo que ela não volte
medo de não mais ver seu sorriso.
Meu Deus há algo de errado no ar,
aquele cheiro que corroia-me
por dentro
na época dos velhos poemas…
Um estranho,
indecifravel
e triste cheiro de amor.

O que é feito desse poeta
que mais uma vez jogado
contra uma correnteza que
desconhece a força
e a furia.
O que será feito do homem
que já não compreende quase nada
e que toda ciência
aprendida nos livros
agora torna-se inutil;
se desmancha num sorriso de menina.

Escrevo enquanto espero por ela,
pra que ela me pegue pela mão
e me mostre qual o caminho
escrevo como quem reza
uma estranha prece a um deus pagão
como quem emudece
sufocado por uma multidão de gritos.
Escrevo um poema mórbido
donde deveria compor um poema de
amor……

Mas onde estarão todos os versos
onde se escondem todas as palavras
toda aquela vontade de mover
o mundo
e tirar as pedras do caminho?
Parece até que tudo se esconde
em paredes que roem-se
em restos de coisas
e vestigios de gestos….

Lembro-me dos poemas longos
tempo de ância de poeta
ância de fazer algo
ância de amar uma única mulher
por um único instante
que durasse uma eternidade…..


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