sexta-feira, 16 de maio de 2008

O casamento

O poeta está se casando
com uma noiva melancolica
e triste
ela tem nas mãos
meia duzia de tabuas
com seus tantos mandamentos
e desejos proibidos
e sonhos de sua juventude
e infancia.
Tras enfeitando seu vestido
condecorações
e medalhas de tantas conquistas
e vitórias
sem importancia alguma
para ela.
tem um bouque de recordações
e manchas escuras
de um passado amassado
como papel inutil,
jogado ao vento.
Quais das mulheres presentes
irá querer esse bouque?
Com um presente triste
um passado maltratado
e um futuro sem futuro
e sem medos.
O poeta veste-se de branco
para esconder as impurezas
de seu verso
de seu corpo
e de seu coração
e com isso espera aplacar
a furia que o consome
e na sua lapela
há um cravo de defuntos
velando seu silencio triste
e incerto.
Há convidados
espalhados por todos os lados
e se misturando as sombras
das tantas duvidas
e decepcões que povoam esse lugar.
E os noivos
esperão uma benção
que quase soara como maldição
olhos curiosos
e mãos inquietas
de um sacerdote sem religião
saudam os noivos
com gestos lentos
e tambem tristes
e não há saidas
e nem entradas
nem atalhos
tudo está no meio do nada
e a noite cai lá fora
os ventos uivam
e as nuvens despencam
sobre todos os presentes
de olhos
e corações
que não entemdem
tanta tristeza
e que por isso
tambem entristecem-se
de uma tristeza sincera
e choram lágrimas
claras e brilhantes
e em pouco tempo
as lagrimas já são mais
que a chuva
os suspiros são mais que os ventos
e a tristeza
mais melancolicas e negras que a noite
e tudo isso sufoca
o poeta
e sua noiva
e eles agonizam lentamente
antes do sim
que roubaria suas vidas.

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