sexta-feira, 16 de maio de 2008

Retrato cinza

Panorama, 10 de setemboro de 2006.
Casa da Dani.

Espio as coisas
através da vida,
através das vitrinas
e asw vitrinas guardam as vidas
por detras dos muros.
Hoje canto uma canção sem coro
falo pouco e digo tudo,
o tempo das tantas palavras
ficou pra trás
em frases que nao diziam nada.

a vida está a um passo
e a vejo refletida na vitrina,
os muros já nao guardam as palavras,
os sons se espalham em pequenas
gotas de silêncio
e incendeiam o tempo
em enormes labaredas de vida.

As coisas renascem das cinzas
e a cinza das coisas varre o chão
pintando de cinza o fogo das coisas….
É tempo do fogo queimar as vidas,
incendiar os muros
e manchar as vitrinas,
tempo das palavras escaparem
e dementirem o tempo.

Em meio a tudo isso
sou aquele que corre
em socorro de mim mesmo
pinxando as vitrinas e muros,
sufocando as coisas
que insistem em renascer das cinzas….
Eu sei dos poemas,
daqueles que esperam serem escritos
aqueles que esperam o fogo
que ainda nao queimou todos os versos
eu sei das coisas
de todas as coisas que aguardam
o desfecho tagico dos dias,
hje eu sei do sonho…
Do grande sonho que nasce nessa manhã
e a noite dormirá cansado
de ser apenas sonho.

Sei das coisas que aguardam
o fim da guerra,
o fim da paz,
das coisas que guardam o mundo
refletido na vitrina….
Sei dos olhos,
desses tantos olhos
que espiam por detras dos muros,
o desfecho lucido
de toda essa insensatez,
enquanto o tempo passa.

Eu nao sei, mas desconfio
dessa força que rege a vida,
o começo,
o meio e o fim….
desconfio das coisas que senti,
ouvi
e das coisas que vi por detras dos muros
e através das vitrinas, coisas que o tempo levou
e nunca mais devolveu.

Hoje duvido
de tudo em que acredito
tenho deixado
todo o dito pelo nao dito,
mas sei dos versos
escritos de madrugada,
enquanto a cinza se apaga,
enquanto o fogo se transforma em cinza,
enquanto o cinza se transforma em negro
enquanto o negro
se reflete na vitrina
e se choca contra o muro.
Hoje sei que as velhas historias
sao apenas novos boatos
pinchados em paredes recem pintadas.

Eu jurei a mim mesmo
nao morrer esta noite,
não deixar que o frio da madrugada
esfrie o meu corpo doce
por que hoje sei que morrer é inutil….
A morte é um livro que já li
e não sei se gostei,
cheio de palavras embaralhadas
como que escrito as pressas,
uma mensagem em uma garrafa,
um bilhete esquecido
n’algum canto
para nunca ser encontrado.

Nessa noite duvidei da vida
e a vida
fugiu para atrás dos muros
enquanto minha palides
se espalhava na vitrina
em um retrato cinza
que não reconheci…..

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