quinta-feira, 15 de maio de 2008

Alguns amores são definitivos

Sou filho bastardo
de uma geração de poetas famintos e loucos
armados com suas guitarras elétricas e enfurecidos por sua cocaina.

Sou herdeiro do conhaque
e da nicotina
e dos pircing’s tatuados pelo corpo inteiro.

Sou um poeta fora da lei
James Bond ao avesso
do avesso.
Ao avesso da constituição
constituida por um rei tirano,
por um soberano corrupto.

Alguns amores são definitivos
e nem o sexo promíscuo
ou o asterisco que encerra a carta de amor
poderá negar o próprio amor
que existe
e que insiste
em roer nossas almas doentes…
Carentes.

Alguns amores são definitivos
e a metafísica
não explica
a união dos corações
das razões
e dos lábios.

Nem os poetas cantaram
em suas velhas canções
flores e frutos maduros
do impossivel
tão presentes em nossas vidas.

Nem Drummond forte como ferro
Nem Vinicius mágico como a noite.
Não, eles não me furtaram essa deliciosa sensação
que não quero
que não sei
que não posso explicar.

Nem Rimbaud e seu inesplicável verso sem igual
terá forças pra me desmentir
por que minha mentira
é a única verdade que conheço
e sem ela eu sou triste.

Nem mesmo os poetas da minha geração
com suas oversoses tão baratas
suas canções ao amanhecer
de uma FM qualquer,
gritando refrões sem lógica
irão me despertar.

Nem os sonhadores
ou os idealistas
com suas idéias reacionárias
que já não valem um centavo
do meu já pouco dinheiro,
nem o vinho,
nem as uvas,
nem as mãos,
nem as luvas,
nem as brasas
e nem as chuvas.

Nem o sabor sem gosto
do dia-a-dia
me fará acordar, agora, para o cotiano,
por que hoje sei
que as canções que cantei
valeram a pena
transbordaram almas
meus refrões foram
trovões
em uma intensa tempestade
de ilusões tão vagas
e incolores
em corações de amantes frustrados.

Alguns amores são definitivos
na impossibilidade de serem diferentes
alguns amores são definitivos.

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