sexta-feira, 16 de maio de 2008

Odair, a vida é em vão

Deixe, Odair, de correr em vão
olhe a estrada e perceba que tua poesia
não deixou rastros a serem seguidos
E que o deserto o abraça, Odair e te sufoca
e causteriza seu coração.
Ei Odair, não se levante
nesta madrugada
não há razão para estares acordado tão cedo
Não é a tua poesia que bate à porta
não são teus versos
que passeiam soturnos pela casa
e tudo o que vês Odair, é miragem
é ressentimento
é saudade.
Não Odair não acordes,
a noite não merece tanto sacrificio teu
não há cometas
não há estrelas
a espera de nenhum poeta
e por isso, Odair, vá dormir
e sonhar que tudo é calmo e manso…
Deixa Odair de pensar bobagens
e de fazer poemas,
que isso não adianta nada
não muda a dalidiana tela de sua sorte
e nem o rimbaudiano verso de tua morte
Dorme Odair que é a melhor saida.
Não se preocupe, Odair com as possiveis guerras
e com o brilho insano nos olhos dos homens
tudo isso é apenas resto da poesia
da existência e do caos
Sossega Odair, o teu coraçao
e seu batimento triste
e contempla o horizonte
mesmo sabendo que não passa de uma tela de Luca.
Oh Odair, acalma-te e desarma o teu verso
engole o teu próprio veneno
esqueça Odair tudo o que lhe foi demais
Deixa Odair de ser egoista
e perceba coexistencias multuas
ao seu redor e abandone a defesa cega de seu verso
ninguém merece..nem mesmo eles
Largue Odair de ler seus poetas
e amaldiçoe todos eles
mas um de cada vez
ponha fogo, Odair, em teus originais
e nas provas do teu amor
queime esse passado que ainda é tao presente
Rasgue Odair todas as cartas
esqueça, Odair todas as datas
e resnaça Odair, das cinzas como uma fenix
destrua Odair as razões
despreze as evidencias Odair
e caminhe livre.
Deixe Odair de cantar tantas canções
tantos refrões iguais
vai Odair apaga a fogueira dos desejos
e busque
e queime
as bruxas que o atormentam
vai Odair veja a verdade nua
e crua
e primitiva
e rasgue Odair o véu da inoscência cega
e surda que grita dentro de você
Esqueça pois Odair as sentenças de Montaigne
os desejos de Verlaine
loucuras e incetezas de Rimbaud
Esqueça Odair todos os versos de Drummond
Toda a sinceridade de Vinicius
toda a dureza de Cabral
todo o calor de Cecilia
Odair e caminhe cego pelos continentes
e se destrua, Odair, pouco a pouco
esqueça, Odair, que é Odair
e que já foi poeta
e que já fez versos
e que as pessoas o abraçaram
e o beijaram e o desejaram sorte
para uma caminhada que sabiam que não tardarias a fazer…

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