sexta-feira, 16 de maio de 2008

Crônica em alemão

Ob nicht natur zuletzt sich doch ergrund? Antes que os mais afoitos me mandem calar a boca, é preciso esclarecer que também não morro de amores por Goethe, sua obra me cansa, no entanto não deixa de me encantar. O alemão não é uma das línguas que falo, alias, não falo língua alguma além da nativa, que nem nativa é já que é herança do colonizador. Sei, entendo essa vontade de me mandar para o inferno com Goethe ou sem ele. Mas hão de convir comigo que o alemão é uma língua usada por aqueles que adoram complicar coisas simples, como é alias, na maioria das vezes, o meu caso. Sendo assim preciso aprender alemão. Comecei essa crônica, sim pasmem isso é uma crônica, com uma idéia vaga que já não me recordo, era um pensamento todo em alemão e como já sabem não fala palavra alguma em tal língua, sendo assim, a crônica está perdida. Será? Já disseram que só é possível filosofar em alemão, no entanto não estou filosofando estou escrevendo uma crônica, isso me dá outros recursos. Por que terei começado citando Goethe? Como assim, quem é Goethe? Não me diga que nunca ouviu falar. Ah, também não fala alemão. Coincidência. Ora como não é coincidência? Ah, sim, ignorância? Não é bem assim. Vejamos por um outro lado, acredito eu, e essa crença faz de mim um dos últimos otimistas do mundo, creio que tudo pode ser visto por outro lado. Se não acreditasse não poderia fazer uma crônica começada com Goethe? Ou poderia? A crônica é um exercício difícil, não tão difícil quanto fazer duas mil flexões ou duas mil abdominais, mas mesmo assim é difícil, fico suado, as costas doem, os olhos ardem. Culpa da cadeira desconfortável e do computador antigo, diriam os fatalistas, mas não digo isso, afinal sou um otimista, e nestas horas me alegro por isso. Onde eu estava mesmo? Sim, Goethe. Pois é menino. Ele foi um escritor alemão, por isso falava alemão. É preciso deixar claro isso, já que é informação de muita relevância para esta crônica. Tenho pensado em Goethe nos últimos dias, antes de dormir, antes de comer, tenho imaginado seus personagens ao meu redor. Ainda bem que é Goethe e não Balzac, senão eu não conseguiria me mover com tantos personagens. Mas tenho pensado em Fausto, às vezes em Werther, e eles tem me tirado o sono, não entendo o que querem me dizer, haja visto que não falo alemão. Mas eles insistem em sussurrar palavras guturais aos meus ouvidos através das capas dos livros que não acabei de ler. Não consegui ler Goethe, e isso não é o fim do mundo, não conheço ninguém que tenha conseguido, coincidência ou não, não conheço, também, ninguém que fale alemão. Chegamos a conclusão obvia, o grande vilão dessa crônica e o tal do alemão. Antes que os mais desavisados se assustem devo esclarecer, que o dito cujo em questão não é aquele fortão do Big Brother Brasil, isso mesmo não é aquele cara que ficou milionário fazendo caras e bocas. Sim o alemão, língua falada na Alemanha principalmente, terra de Goethe. Goethe é culpado, diriam, seja qual for a acusação. Culpado do mal do século? Não digo que sim, mas também não digo que não, prefiro deixar essa responsabilidade para alguém mais gabaritado, que pelo menos fale alemão, mesmo que apenas algumas frases. Mas o alemão tem outras formas mais inteligíveis, por exemplo a musica alemã, você não precisa falar alemão para poder gostar de Wagner, ou Beethoven, ou Chopin, e por ai afora, a musica alemã fala uma língua universal, que graças a Deus não é o alemão, senão a musica seria cacofonica nos meus ouvidos, a linguagem d beleza, da harmonia, da perfeita combinação de ressonâncias e nada em alemão, o que é o melhor. Mas o leitor deve estar perguntando onde que entra Goethe em toda essa história. Bem, ele não entra, ele já se foi, morreu, virou pó, o tempo devorou, o que restou foi sua obra, que felizmente já foi traduzida, por que Goethe já e difícil de se ler, imagina então em Alemão.

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